Como fazer música no celular: um guia criativo

Normalmente, quem pesquisa sobre como fazer música no celular já experimentou pelo menos um aplicativo ou dois. Pela facilidade de usar esses apps, o primeiro passo é bem prático: criar loops e beats , adicionar uma linha de baixo, aquela cama com uns pads…

Depois de um tempo, vem o bloqueio criativo e aquela sensação de não sair do lugar.

Nessa hora, até a quantidade de elementos atrapalha. Você já adicionou e removeu sons de sintetizadores, strings e tantos outros, mesmo sem ter muita ideia do que essas coisas fazem. Falta justamente isso: saber a função de cada coisa.

Se você não sabe nada de música, não se preocupe. Este artigo é sim, pra você.

A seguir, vou explicar o que falta pra você terminar suas produções. E já vou adiantando que o aplicativo é o que menos importa. O principal é pegar alguns macetes criativos que simplificam demais o processo. Continue a leitura e desenvolva sua criatividade na produção musical!

Qual app para fazer música no celular usar?

Pra falar a verdade, isso é o de menos.

O equipamento é uma parte pequena da qualidade da sua música. Aliás, isso vale para qualquer tecnologia, inclusive para os Impulse Response, que os guitarristas tanto amam.

Há muitas opções de apps, dos mais simples aos mais complexos. Quase todos têm as funcionalidades que você precisa pra começar a compor em quase qualquer estilo: trap, rap, funk, R&B, dub, LoFi e outros.

Em breve, vou escrever neste blog outro artigo sobre os principais apps, assim você pode escolher aquele com o qual mais se identifica. Por enquanto, vou recomendar o BandLab, por ser fácil de usar e grátis.

O Garage Band também seria uma ótima opção mas, infelizmente, só funciona nos iPhones, que são caríssimos no Brasil. Então, estou partindo do pressuposto de que você tem um telefone de entrada ou intermediário, provavelmente com sistema operacional Android.

Comece com opções gratuitas e guarde o dinheiro para divulgar sua música.

Do que mais vou precisar pra fazer música no celular?

Evite adiar seu sonho de fazer música por causa de equipamento. A minha premissa, aqui na Fagulha Criativa, é a ideia de trabalhar com coisas que todo mundo tem à mão e que são mais ou menos baratas ou gratuitas.

Como eu disse acima, um celular com Android é o suficiente. Você também vai precisar de um fone de ouvido (evite ouvir pelo áudio externo do smartphone, pois ele não é nada confiável, principalmente pra avaliar os graves ou baixos que você for criar).

Use um daqueles fones simples que vêm (ou vinham, nos bons tempos) com o celular mesmo.

Passo 1: Planejando sua composição

Por incrível que pareça, a primeira etapa para fazer música no celular não envolve nem mesmo o telefone. É importante você evitar a ansiedade para começar, pois o planejamento da composição é algo feito em minutos e que pode fazer você ganhar muito tempo.

Criando a forma da música

A primeira coisa a ser planejada na música é a forma, ou seja, quantas vezes cada parte se repete. A forma mais conhecida e utilizada é | VERSO | VERSO | REFRÃO | VERSO | REFRÃO |. Nesse caso, estou considerando que a composição tenha apenas duas partes.

Você também pode adicionar uma introdução. Para os padrões atuais de música em serviços de streaming como o Spotify, sugiro que ela não seja longa.

Seja qual for a forma escolhida, anote-a antes de começar. Isso vai servir de guia até o último momento de compor, fazendo você economizar muito tempo.

Definindo se a música é lenta ou rápida

Além da forma, os outros elementos a serem planejados são o andamento e a instrumentação da composição. Em outras palavras, você deve saber já de início se a música é rápida ou lenta e quais instrumentos vão ser utilizados ao longo da criação.

O andamento da música pode ser editado no BandLab clicando no ícone de engrenagem⚙️que fica no menu do alto (quando você já estiver no Studio do app). Tenha em mente estas informações:

  • o andamento da música é medido em BPM (batidas por minuto);
  • músicas entre 80 e 110 BPM são consideradas lentas e, portanto, mais adequadas pra relaxar, por exemplo;
  • composições de rap, trap e hip-hop, no geral, costumam estar nessa faixa de velocidade, já que a ideia é valorizar a letra e um certo “humor” ou “mood”;
  • a partir de 110 BPM estão as chamadas músicas high energy (ou de alta energia), ideais para academias, prática de exercícios físicos e atividades mais pulsantes;
  • andamentos muito rápidos (a partir de 130 BPM) soam melhor em trance, techno, house e outros ritmos frenéticos para dançar.

Escolhendo os instrumentos pra fazer música no celular

Sugiro que você comece pelo mais simples: bateria, baixo e teclado (os sintetizadores) são a base de quase todas as músicas populares. Caso sua composição tenha voz, você vai precisar de um bom microfone pra gravar, então, sugiro começar mesmo com um beat básico e instrumental.

No BandLab, as opções de instrumentos são a primeira coisa a ser escolhida quando você inicia uma sessão tocando no botão “Abrir Studio”. Lá, você tem os loops, que são beats prontos para começar, ou pode criar algo do zero, escolhendo os instrumentos separadamente.

No fim das contas, não importa muito qual é o instrumental que você escolheu para a sua música. Claro, num primeiro momento em que você tem pouca experiência, quanto menos instrumentos, melhor. Mas o que vai ajudar mesmo é você já ter um plano antes de começar.

As coisas podem mudar no meio do processo? Podem sim, claro. Em alguns momentos, é legal soltar a corda e se deixar levar onde a criatividade quer ir. Mas não ter nada planejado é uma forma de ficar à deriva, sem saber de onde veio e para onde está indo.

Não é à toa que é comum ver gente começando vários projetos e não terminando nenhum.

Como fazer remix de música no celular (um parêntese)

Deixa eu fazer uma observação aqui.

Embora o remix seja um tipo diferente de produção musical, as regras que o norteiam são bem parecidas com as que descrevi até aqui.

O remix de música também deve ser pensado com antecedência. Você vai precisar de um andamento (até porque o remix pode ser mais rápido ou mais lento que a música original), de uma forma (que pode ser diferente da original também) e uma nova instrumentação.

Ou seja, o processo é o mesmo usado para compor. A diferença principal é que, no remix, você não vai partir do zero pra organizar suas ideias musicais, e sim de algo que já está pronto.

A partir daí, o único limite é a sua criatividade. Experimente com os elementos que você vai incluir na música, sempre tendo o cuidado de manter os elementos característicos da composição original para que o ouvinte entenda que o que você está fazendo é uma releitura.

E lembre-se, fazer remix de música também pode ser muito original. Os remixes ocupam parte importante da Economia Criativa!

Passo 2: relacionando os elementos

Agora que você já planejou e separou todos os ingredientes do bolo que é sua composição, chegou a hora de preparar a receita.

Nesse momento, você deve se concentrar na atenção do seu ouvinte, tendo o cuidado de arrumar as coisas para que ele esteja sempre interessado no seu beat. A melhor maneira de fazer isso é adicionando alguma novidade à sua música de quando em quando.

Veja algumas outras dicas para não deixar sua composição monótona.

Evite o excesso de elementos

É comum que iniciantes coloquem mais elementos que o necessário em suas composições. Isso acontece por vários motivos: falta de entendimento do papel de cada instrumento, insegurança quanto à qualidade (muita gente acha que a melhor música é a mais complexa, o que não é verdade) e outros fatores.

Para quem quer tirar suas ideias do papel, quanto mais simples, melhor, tenha sempre isso em mente. Com o tempo, você vai compreendendo a hora de parar, o que faz ganhar muito tempo.

Faça uma transição interessante no início

Na era do Spotify, YouTube e outros serviços de streaming, o ouvinte se tornou uma pessoa sem paciência e bombardeada por estímulos o tempo todo.

Em outras palavras, estamos todos competindo pela atenção dos internautas. Então, vale a pena ter um truque na manga logo no início da música.

Pode ser apresentar uma melodia cativante, criar uma surpresa no arranjo, fazer um suspense que prenda a atenção… enfim, qualquer coisa que aguce a curiosidade de quem está ouvindo, pra garantir que ele não vá pular sua música e ouvir algo mais conhecido.

Pense na atmosfera que você quer criar

A atmosfera é o sentimento, mood ou o clima da música. Tudo bem que esses termos são um pouco abstratos, mas acho que dá pra entender que é algo que vem antes. Afinal, a atmosfera tem muito a ver com o sentimento que motivou a sua inspiração.

Acostume-se a relembrá-la o tempo todo enquanto compõe. Assim, sua música vai se tornar mais coerente, um discurso organizado com início, meio e fim que transmite as mesmas sensações.

Repita os trechos, mas adicione alguma novidade

Cuide para que as partes que repetem não sejam exatamente iguais.

Por exemplo, se você faz um mesmo groove de baixo e bateria na introdução da música duas vezes, certifique-se de que um desses instrumentos faça coisas diferentes ao final da primeira ou da segunda vez: uma virada de bateria ou uma frase diferente do baixo já ajudam.

Crie um final coerente com a música

O fim não pode ser descolado do resto ou muito abrupto. Há alguns truques interessantes para terminar uma música:

  • você pode relacionar o final com o início, dando uma ideia de retorno
  • pode repetir um trecho, de preferência o refrão, até acabar
  • também fica legal terminar na frase mais interessante da música, pra gerar impacto
  • sempre dá pra fazer um fade out, aquele efeito de ir abaixando o som até a música acabar.

No fim das contas, saber como fazer música no celular tem muito mais a ver com conhecimento de teoria musical e com a maneira como você organiza sua produção. Experimente essas dicas! Com certeza elas já vão ajudar você a economizar tempo.

E não esquece de deixar um comentário aqui embaixo, me contando sobre sua experiência depois de ler este texto! 👇🏻

Jardel Rodrim

Músico profissional, também trabalhou na Publicidade e no Marketing Digital. Atua como artista freelancer tocando guitarra, violão e ukulele, além de participar de gravações como arranjador. Criou o Fagulha Criativa para escrever sobre a importância da criatividade para o mercado musical e artístico.

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