Música eletrônica: o que é, suas origens e história

Nota aos meus leitores e leitoras do futuro: escrevo este artigo enquanto escuto uma playlist de música eletrônica. Em 2024, o termo “música eletrônica” já pode ser considerado sinônimo de “música”. 🤖

Assim, praticamente tudo que escutamos é pelo menos uma mistura de instrumentos acústicos e sons eletrônicos, sejam baterias, sintetizadores ou sequenciadores. A música é criada no computador e, quase sempre, escutada da mesma forma.

Verdade seja dita, já dá pra fazer música até no celular.

Será que ainda dá pra escrever sobre o que é música eletrônica, sendo que ela já se confunde com quase todos os outros gêneros musicais? Eu acredito que sim.

A seguir, explico suas origens e história, abordando os subgêneros e estilos eletrônicos e como eles se desenvolvem. Também vou falar sobre os instrumentos em que essa música é criada. Continue a leitura!

🎧 Para ler ouvindo: Uma Terça Qualquer, por Harmotronika

O que é música eletrônica

A melhor definição é também a mais ampla: música eletrônica é todo tipo de música criada ou modificada por aparelhos ou instrumentos eletrônicos como computadores, sintetizadores, sequenciadores, máquinas de ritmo e outros.

Pra começo de conversa, é bom não confundir aparelhos eletrônicos com aparelhos elétricos. A guitarra é um instrumento elétrico, já que utiliza o magnetismo dos captadores e a potência dos amplificadores para propagar o som.

Instrumentos eletrônicos funcionam a partir de componentes eletrônicos como transistores, resistores, antenas e os hoje tão difundidos chips de computador. Esses instrumentos apresentam características que permitiram, quando de sua invenção, alterar radicalmente a forma de criar música.

São três os tipos mais difundidos de instrumentos eletrônicos.

As máquinas de ritmo e a música eletrônica

Imagine um console semelhante a um rádio antigo. Nele, há botões que, quando percutidos, imitam o som das principais peças da bateria e outros instrumentos de percussão: bumbo, chimbau, caixa, palmas e assim por diante.

Algo como na foto abaixo:

CR-78, drum machine criada pela Roland, uma das marcas referência em instrumentos musicais eletrônicos.

As máquinas de ritmo também vinham com um recurso que permitia gravar uma sequência e repeti-la, dando origem aos famosos beats. Um beat é uma coisa incrivelmente banal e, ao mesmo tempo, muito poderosa: uma sequência de compassos de um ritmo qualquer repetida em loop.

Sem os beats, a música pop não seria a que conhecemos hoje. Nem o hip hop. Tampouco a música eletrônica dançante das casas noturnas. 💡 É pela repetição insistente de um ritmo que os outros elementos da música podem se destacar, sendo essa a fórmula criativa do gênero. 💡

Um aspecto que contribuiu para que as máquinas de ritmo tivessem sua própria linguagem foi que, enquanto imitação da bateria acústica, elas não eram tão boas.

A corrida comercial por imitações perfeitas acabou gerando diversas drum machines diferentes, cada uma com um timbre único. Até hoje é possível identificar diferentes gêneros de rap a partir da escolha das máquinas de ritmo que geram os beats que cada artista usa.

Os sintetizadores e a música eletrônica

Esses complexos aparelhos se chamam sintetizadores porque, com a ajuda deles, é possível sintetizar (isto é, criar) novos sons.

Eles têm o aspecto de naves alienígenas, mas o conceito por trás do seu funcionamento é bem simples: um som base criado eletronicamente e que você pode modificar, removendo ou adicionando manualmente novas camadas de harmônicos.

Roland Subsequent 25: os modernos sintetizadores, embora pareçam complexos, são versões muito mais simples e práticas que seus precursores das décadas de 60 e 70.

Ao longo do tempo, houve quem se especializasse em criar novos sons com os sintetizadores, ao passo que outros preferiram utilizá-los para imitar sons da orquestra ou de instrumentos elétricos, como baixo e guitarra.

Sendo o sintetizador uma máquina de criar sons (semelhante a um pequeno teclado com um punhado de botões em um painel), ele é a base para todos os outros instrumentos eletrônicos.

Por exemplo, as máquinas de ritmo de que falei acima imitavam as peças da bateria fazendo uma síntese sonora delas a partir de um sintetizador.

Os sequenciadores e a música eletrônica

Inicialmente, os sequenciadores eram funções embutidas nos sintetizadores.

Eles têm esse nome porque são máquinas de criar sequências a partir de uma nota fundamental. Por exemplo, o músico pode programá-lo para repetir um arpejo em uma determinada ordem a partir do momento em que ele aciona uma nota no teclado.

Há vários motivos pra um compositor usar esse recurso.

Primeiro, muitas vezes a reprodução dessa sequência acontece muito mais rápido do que a mão humana (ou, pelo menos, a maioria delas 😶) conseguiria reproduzir no teclado.

Segundo, as sequências são programáveis, o que acabou permitindo uma estética própria. Elas podem ser gravadas e reproduzidas, assim como os loops de bateria, o que permite uma composição em camadas bastante experimental, bem ao estilo da música eletrônica.

Por sinal, junto com os beats, os sequenciadores são muito utilizados no Live Looping.

As origens da música eletrônica

Embora pareça algo moderno, fazer música usando instrumentos eletrônicos está longe de ser novidade. Há pelo menos 250 anos há relatos ou documentação de pessoas tentando criar música ou instrumentos musicais eletrônicos.

Século 18: as primeiras experimentações

Uma das mais antigas tentativas de produzir música eletrônica que se tem notícia é um aparelho chamado Denis D’or. Trata-se de um engenhoca do tamanho de um órgão de igreja, com tubos e cordas que, recebendo cargas elétricas, alteravam o som produzido.

Ou seja, uma síntese sonora rudimentar pensada em 1753.

Enquanto alguns afirmam que o Denis Dor foi o primeiro instrumento eletrônico da história, outros apostam no telarmônio, do inventor estadunidense Thaddeus Cahill, talvez o instrumento mais complexo já inventado.

O telarmônio usava as linhas telefônicas da época para que seu som chegasse a amplificadores instalados em diferentes pontos da cidade.

Sua força motriz eram dínamos, geradores mecânicos de energia que forneciam corrente para alterar os timbres do instrumento. Em pouco tempo o telarmônio se mostrou inviável, já que suas correntes interferiam na comunicação das cidades, atrapalhando o serviço de telefonia e telégrafo.

Início do século 20: o futurismo e as novas tecnologias

Durante os anos seguintes, a busca pela música eletrônica se intensificou. Para que ela fosse possível, conseguir gravar o que se tocava era fundamental, e faziam ainda umas poucas décadas da invenção do fonógrafo, o primeiro gravador de que se tem notícia.

Foi então que surgiu na Europa de uma corrente artística chamada futurismo. Os adeptos dessa corrente buscavam a liberdade artística irrestrita, o que estimulou bastante a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias empregadas às artes.

Por conta da Primeira Guerra Mundial e da escassez de matéria prima (a indústria bélica usava a maior parte dela), havia incentivo para o desenvolvimento de dispositivos compactos e econômicos em todas as áreas da eletrônica.

Na música, isso culminou com o surgimento do teremim e do Ondas Martenot.

O teremim

Esse curioso instrumento é talvez a criação mais adequada a essas necessidades, embora não tenha se popularizado por ser muito difícil de tocar.

A invenção de Leon Theremin, que o russo batizou com o próprio nome, no entanto, é pequena o suficiente para qualquer pessoa carregar e sua produção, assim como seu funcionamento, são simples.

O teremim funciona por meio de campos eletromagnéticos afetados pelo corpo humano.

Com as mãos apontadas para duas antenas (uma vertical, onde o instrumentista regula o volume da nota, e outra horizontal, onde ele produz as alturas em graves e agudos) o músico produz as melodias.

Ou seja, o instrumentista não precisa estar em contato direto com o teremim para tocá-lo, como explica a teremista Carolina Eyck no vídeo abaixo:

Carolina Eyck, uma das maiores teremistas do mundo, explica esse curioso instrumento

O Ondas Martenot

Embora não seja tão compacto quanto o teremim, o Ondas Martenot (sim, esse é um nome bem esquisito para um instrumento musical) foi mais importante para a evolução da música eletrônica.

Maurice Martenot, um músico fascinado pelas propriedades eletromagnéticas e ondas de rádio, idealizou um instrumento musical bastante complexo. Quem o vê pela primeira vez percebe logo a semelhança com os modernos órgãos e pianos elétricos.

No entanto, ele fica conectado a caixas com alto falantes de tamanhos diferentes.

As teclas do Ondas Martenot são percutidas por meio de uma corda que flutua sobre o teclado, criando um efeito de glissando contínuo entre as notas. Com a mão direita, é possível controlar os timbres, o volume e a forma como o som sai pelas caixas.

No vídeo a seguir, a especialista Cynthia Millar explica (em inglês, mas com muitos exemplos musicais) como o instrumento funciona:

Cynthia Millar explica como obter os inúmeros timbres do Ondas Martenot

O Ondas Martenot foi muito importante tanto para a música eletrônica quanto para outros gêneros. A partir dele, a fábrica estadunidense Hammond idealizou seu primeiro órgão elétrico e o princípio utilizado nos primeiros sintetizadores.

A música eletrônica dançante

Até então, ao longo de sua história, a música eletrônica tinha se originado da experimentação espontânea de alguns músicos e inventores visionários. Ela permaneceria assim até pelo menos os anos 70, quando uma mistura de gêneros e a invenção de alguns aparelhos mudou tudo.

Nessa década, o estilo comercial mais famoso era a música disco ou disco music, executada nas famosas discotecas de então. Nessas casas, DJs tocavam música mecânica de grupos famosos, influenciados pelas músicas negra e latina.

A disco não pode ser considerada música eletrônica, uma vez que é performada por músicos tocando instrumentos tradicionais: vocais, guitarra, baixo, bateria e outros.

No entanto, seus trechos orquestrais, vocais agudos e ritmo eram o que faltava para o surgimento da Electronic Dance Music (EDM).

Conhecida no Brasil pelo nome dance music (ou apenas dance), esse subgênero abrange toda a música eletrônica para pistas de dança produzida desde então. Ao entrar nas discotecas, o eletrônico ganhou status de música pop e passou a tocar insistentemente.

O Kraftwerk

O duo alemão formado inicialmente pelos músicos Ralf Hütter e Florian Schneider e denominado Krafwerk (usina de energia, em alemão) é o precursor da música eletrônica que tomou as pistas.

Á medida que suas necessidades criativas exigiam, os músicos alemães desenvolviam parafernálias como sintetizadores, vocoders (um equipamento que transforma voz humana em um som sintetizado) e sequenciadores.

Ou seja, eles não apenas desenvolveram a música, mas os instrumentos para tocá-la.

Ao longo do tempo, novos membros se juntaram aos dois fundadores e, por conta da sua originalidade e do desenvolvimento da música eletrônica, o Kraftwerk é hoje um grupo tão ou mais influente que os próprios Beatles.

Em 1978, o grupo alemão Kreftwerk lançou o clipe “The Robots”.

Os principais gêneros da música eletrônica

Depois do surgimento da EDM, o termo “música eletrônica” praticamente se tornou sinônimo de ritmos dançantes. Essa música passou a se desenvolveu em diversos subgêneros, quase todos muito conhecidos hoje em dia.

Muitos deles, por sinal, não são nem considerados eletrônicos, como é o caso do pop e do R&B. A influência da música eletrônica a partir dos anos 80 foi enorme, e é difícil restringi-la a movimentos estritamente “eletrônicos”.

Eles se diferenciam entre si, principalmente, pelo mood (isto é, o “humor” ou “clima” da composição) e pelo andamento da música, o que, explicado de forma simplificada, é a “velocidade” dela.

Músicas aceleradas são mais propensas às pistas de dança, enquanto as mais lentas são ótimas para criar uma atmosfera de relaxamento e tranquilidade. Como você deve ter notado, uma das características da música eletrônica é sua versatilidade, graças ao poder hipnótico dos beats e loops.

Veja, abaixo, como cada subgênero se diferencia.

House music

O house é um tipo de música eletrônica cantada. Ela se adapta perfeitamente a canções se assimilou ao pop de cantoras como Madonna, Whitney Houston, Cher, Beyoncé e tantas outras.

Tem como características um andamento nem muito rápido, nem muito lento, além de um som de piano ou sintetizador típico dos anos 90. Talvez a forma mais fácil de reconhecer o house é por meio das palmas que fazem as vezes de caixa da bateria.

O house tornou-se tão popular que se desdobrou em outros subgêneros: o deep house (mais rápido e enérgico, muito comum nas academias), o acid house (uma versão mais psicodélica e quase sempre instrumental) e o dance-pop, por exemplo.

Techno

Outro gênero icônico, o techno é aquele “bate-estaca” que todo mundo reconhece como música eletrônica. Mais rápido e frenético que o house, é também mais experimental.

Na maior parte das vezes, o techno não tem letra cantada. Em vez disso, é comum ouvirmos sons “desagradáveis” nessas composições: ruídos industriais, sirenes, sintetizadores agressivos, baterias pesadas e até trechos de diálogos de filmes.

Psy trance

O psy trance ou trance psicodélico é um gênero parecido com o techno por ser rápido e intenso, mas com algumas peculiaridades. Por exemplo, ele tem maior presença de sons agudos e de instrumentos analógicos.

Em alguns casos, sintetizadores digitais também são usados para compor a atmosfera hipnótica e lisérgica típica desse sugênero.

Talvez a maior a maior característica do trance seja o fato de ele ser executado em espetáculos multiartísticos ao ar livre, em contato com a natureza e distantes dos grandes centros urbanos. São as famosas “festas rave”.

Lounge music

Outro gênero muito ligado ao ambiente em acontece é o lounge. Em inglês, essa palavra significa “sala de estar”, e essa é justamente a ideia por trás das composições calmas e econômicas em elementos: servir de música de fundo para momentos de contato social moderado.

Você vai ouvir o lounge em bares, restaurantes, recepções de hotel e qualquer outro lugar ou evento social em que a música não precise desempenhar papel de protagonista.

Single de estreia do meu projeto, o Harmotronika. Nele, usamos elementos do lounge para criar uma atmosfera relaxante.

LoFi

Um estilo muito peculiar de música eletrônica, mais ligado a sensações como nostalgia, relaxamento e, principalmente, concentração.

A estética do LoFi permite o uso de sons degradados como aqueles que resultam de fitas cassete velhas, ruídos de disco de vinil e outros. Tudo isso, claro, simulado eletronicamente. Assim, embora seja um gênero criado para ser música de fundo, ele dá muita margem para a criatividade dos artistas.

Minimal

Derivada do techno, a música minimal é conhecida, como o nome dá a entender, pelo seu minimalismo. Ou seja, os compositores desse estilo, embora busquem ritmos dançantes e cheios de energia, também se apegam à ideia de que “menos é mais”.

Como consequência da opção por poucos elementos, é comum ouvirmos músicas minimal que repetem o mesmo trecho por vários minutos. Assim como outros gêneros advindos do techno, ela é hipnótica, estável e insistente.

Drum n’ Bass

Em inglês, o termo drum n’ bass significa “baixo e bateria”, sendo esses instrumentos acústicos a base dos seus beats.

É talvez o ritmo mais frenético dessa lista, com andamentos alucinantes e uma grande sobreposição de sons transformados em loops. As batidas de drum n’ bass costumam sofrer a influência de ritmos como soul, jazz, hip hop e funk.

Embora seja um subgênero eletrônico, utiliza samplers de instrumentos acústicos na sua criação.

A música eletrônica brasileira

🌟 Se tem uma coisa pela qual o brasileiro é conhecido em todo o mundo é sua criatividade. 🌟

O país é berço de um dos gêneros mais influentes e difundidos pelo mundo: a bossa nova. A música de alguns dos nossos instrumentistas e cantores, como Yamandu Costa, Elza Soares, Naná Vasconcelos, Hermeto Pascoal, Bati Assad e Egberto Gismonti, chega a diversos países.

Na música eletrônica não é diferente.

Como o assunto principal do Fagulha Criativa é a criatividade, nesta seção, não vou me ater aos artistas brasileiros que produzem música eletrônica a partir de subgêneros criados em outros países.

Ou seja, não vou falar dos brazucas do house, techno, trance ou drum n’ bass.

Como uma introdução à música eletrônica do Brasil, acho mais interessante explicar os ritmos e subgêneros tipicamente brasileiros e os principais artistas por trás deles.

Afinal, nossa terra tem uma produção eletrônica bem peculiar.

Tecnobrega

Originado no estado do Pará, o tecnobrega é o mais puro reflexo da diversidade cultural paraense. O gênero resulta da junção de brega, calypso e carimbó, ritmos típicos da região, com a música pop e eletrônica dos anos 2000.

Tocado nas festas de aparelhagem (eventos ao ar livre com DJs, paredão sonoro e dança), ganhou o Brasil por meio de artistas paraenses como a cantora Gaby Amarantos (carinhosamente apelidada pelos fãs de “Beyoncé do Pará”) e outras de fora, como a Banda Uó e a cantora Pablo Vittar.

As composições do tecnobrega seguem a mesma lógica de outros gêneros eletrônicos: uma batida criada por uma drum machine misturada a linhas simples de sintetizadores. Tudo isso para dar vida a letras melancólicas e, por vezes, cômicas.

Os artistas do technobrega apoiam a troca gratuita de arquivos com suas músicas, num processo que chamam de “pirataria do bem”. Uma ótima lição pra quem quer ideias de marketing musical e de como divulgar música.

Funk

Inicialmente chamado de “funk carioca” para se diferenciar do ritmo estadunidense de mesmo nome, esse gênero tem sim sua origem no Rio de Janeiro, mas já ganhou o Brasil e boa parte do mundo.

Nascido nas favelas, o funk é considerado por muitos músicos e críticos uma das maiores expressões da música negra brasileira da atualidade e já lançou vários artistas de renome, como MC Carol, Bonde do Tigrão, Mr. Catra, Nego do Borel, MC Guimê, Kevinho e Ludmila.

Os primeiros funks foram influenciados pelo Miami beach, levada que fez muito sucesso na costa oeste dos Estados Unidos, nos anos 90. Na época, os brasileiros sampleavam os sucessos de Miami e acrescentavam letras que refletiam o cotidiano das periferias daqui.

Depois, o funk carioca foi se desenvolvendo de forma independente e ganhando o Brasil. Hoje, ele está presente em quase qualquer festa dançante do país e em muitas do exterior, onde é conhecido como “favela funk”.

Além disso, o gênero movimenta uma verdadeira economia criativa nas favelas e periferias do Brasil.

Rap brasileiro

O rap nacional é parte do hip hop, assim como seu precursor dos Estados Unidos. Ou seja, ele integra um movimento multiartístico urbano e das periferias, que tem o break como dança e o grafite como artes visuais.

Há quem afirme que a origem do rap remonta aos repentistas nordestinos que emigraram para São Paulo. Outros preferem associá-lo à influência dos próprios artistas estadunidenses, famosos por aqui nos anos 80.

Seja como for, em São Paulo os imigrantes do nordeste conviveram com a influência da cultura dos guetos da terra do Tio Sam. Ou seja, não é de todo absurdo supor que o rap resulta da soma das duas coisas.

Alguns dos primeiros expoentes no Brasil foram os Racionais MCs, o falecido Sabotage, Thayde, Pavilhão 9, Planet Hemp, Gabriel O Pensador e Negra Li.

Inicialmente marginalizado, o gênero assumiu, nos últimos anos, grande protagonismo na música brasileira. Antes disso, foram mais de vinte anos sofrendo racismo e preconceito de classe.

O rap atual se mistura ao pop, à MPB e a vários outros gêneros sem deixar de ser autêntico. É um fenômeno da música popular e já alçou muitos músicos ao status de celebridades, como é do caso de Emicida, Djonga, Carol Conka, Marcelo D2, Criolo, Black Alien e tantos outros.

Bossa eletrônica

Como o nome indica, trata-se da mistura da bossa nova com batidas eletrônicas.

É difícil precisar quando e mesmo onde essa mistura começou, uma vez que a bossa é um gênero brasileiro difundido por todo o mundo. O fato é que as cadências e melodias cantadas por artistas como Tom Jobim, Nara Leão, Vinícius de Moraes e outros casou perfeitamente com o eletrônico.

O resultado são sons lounge perfeitos para música de fundo de bares, restaurantes, livrarias e cafés. Isso porque os elementos dessas músicas são interpretados como elegantes e requintados, o que a liga a esses estabelecimentos, tipicamente frequentados pelas classes média e alta.

Muitas vezes, os artistas da bossa eletrônica são os próprios bossanovistas da antiga, como é o caso de Roberto Menescal e João Donato. Também é possível ouvir releituras, sobretudo de cantoras como Bebel Gilberto e Elis Regina.


A música eletrônica se tornou tão influente no nosso tempo que se confunde a outros gêneros e estilos.

Hoje, é praticamente impossível fazer música sem usar instrumentos eletrônicos ou algum princípio descoberto e difundido a partir dessa música. No Brasil, cuja cultura é mais propensa às misturas estéticas e sonoras, o eletrônico está mais difundido que nunca.

O que a música eletrônica representa pra você? Já está introjetada nos estilos que você ouve? Você frequenta bailes funk, raves, shows de rap, curte lounge ou outro subgênero descrito aqui? Deixa um comentário aqui embaixo me contando. 💬

Jardel Rodrim

Músico profissional, também trabalhou na Publicidade e no Marketing Digital. Atua como artista freelancer tocando guitarra, violão e ukulele, além de participar de gravações como arranjador. Criou o Fagulha Criativa para escrever sobre a importância da criatividade para o mercado musical e artístico.

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